O IBGE divulgou, em julho, o estudo “Projeção da População Brasileira”, estimando que em 2039 a população idosa com mais de 65 anos vai superar a de crianças de até 14 anos, acelerando o envelhecimento da população.
E quais serão as conseqüências? Com o envelhecimento da população, aumentam também os casos de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, além de doenças crônicas como diabetes, colesterol alto e problemas cardíacos.
Uma das doenças degenerativas do cérebro que mais cresce entre os idosos é o Alzheimer. Hoje é uma das formas mais comuns de demência, responsável, segundo a Organização Mundial de Saúde, de 60% a 70% dos casos. Agora em setembro, dia 21, é o Dia Mundial de Combate à doença. Ainda não há um diagnóstico definitivo, apenas de exclusão. No momento não há cura e não tem como ser evitada. O que é possível fazer é minimizar as causas ainda quando se é jovem, tendo uma melhor qualidade de vida.
Segundo a ONU, 75% dos doentes de Alzheimer desconhecem que sofrem do mal, e a família, às vezes, é a última a perceber que aquele “simples” esquecimento, no idoso, é um dos sintomas iniciais. Além disso, muitos enfrentam o problema com a assistência médica. Com a crise e o achatamento das aposentadorias, a maioria não tem condições de pagar um plano de saúde e depende dos hospitais públicos/SUS, que não oferecem um atendimento de excelência e acompanhamento constante.
O tratamento da doença requer um atendimento multidisciplinar, por profissionais da área de neurologia, clínica médica, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutrição. A doença manifesta-se através de uma demência progressiva, que aumenta sua gravidade com o tempo e os sintomas começam lentamente e se intensificam ao longo dos anos. É um conjunto de sintomas que provoca alterações do funcionamento cognitivo (memória, linguagem, planejamento e habilidades visuais-espaciais), físico (problemas de marcha e deglutição) e também do comportamento (apatia, agitação, agressividade, delírios, entre outros), limitando, progressivamente, a pessoa nas suas atividades diárias.
Pode ser que os primeiros sintomas comecem alguns anos antes de os familiares perceberem que o idoso está com demência. Podem ser esquecimentos simples, como troca de nomes dos netos, repetição de uma mesma história várias vezes e mudança de comportamento ou comportamento não adequado. Quanto antes se iniciar um tratamento, procurando a ajuda de um profissional da área médica, melhor será para retardar o avanço da doença. Um diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento, que tem como objetivo frear o progresso da doença.
Os cuidados com o paciente são essenciais para que ele tenha conforto. O convívio familiar também e muito importante. Sempre observar as mudanças de comportamento, ter cuidados com a higiene para evitar infecções, não entrar em conflitos e principalmente ter muita paciência e amor.
Junto com os doentes, cresce também o número de familiares cuidadores que possuem sua rotina afetada pela doença. É comum esse cuidador desenvolver doenças originadas pelo estresse. Além de vários outros problemas físicos, esse familiar pode apresentar também depressão, exaustão, insônia, irritação e falta de concentração. São problemas tanto físicos quanto psicológicos. Isso ocorre devido à sobrecarga de tarefas com o doente, que aumenta com a evolução do problema.
Algumas dicas podem ajudar o cuidador a diminuir o estresse diário. Uma delas é aumentar o conhecimento sobre a doença, isso faz com que o familiar se prepare para as etapas do processo de demência, encarando as dificuldades de maneira mais prática. É importante que a pessoa tenha um sono reparador, pratique atividades físicas, tire um momento para si, mantenha uma rotina com amigos, medite, exercite a espiritualidade e, se preciso, participe de grupos de apoio.
* Neurologista, diretor da Clínica Neurovida
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