5 animais que podem nos ajudar a vencer doenças da humanidade
20 de agosto de 2019

Como humanos, podemos nos sentir bastante sortudos sobre nossa evolução. Nós vivemos mais do que muitos outros animais, e as expectativas de vida continuam a aumentar graças a dietas melhores, avanços na medicina e melhorias na saúde pública. Mas nossa batalha para superar o envelhecimentoe as doenças que vêm com ele continua.

As taxas de osteoartrite, por exemplo, dobraram desde a metade do século 20. Doenças do coração em países desenvolvidos são responsáveis por centenas de milhares de mortes todo ano — uma a cada três minutos.

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Olhar para o reino animal pode ser um bom lugar para encontrar novas formas de prevenir e tratar essas condições. Nosso DNA pode ser surpreendentemente similar ao de macacos e outros animais, mas são as diferenças que podem nos ajudar a destravar novas formas de entender e tratar doenças no futuro.

E, usando técnicas de edição de genes, talvez um dia possamos usar o conhecimento que ganhamos de animais para editar as doenças — embora isso ainda seja uma perspectiva bem distante.

Chimpanzés e doenças do coração

Na medida em que humanos evoluíram, nossa composição genética mudou, o que aumentou o risco para nossas artérias entupirem. Quando você combina isso ao aumento no consumo de carne vermelha e outros alimentos que aumentam o risco de ter doenças do coração, de fato estamos preparando a tempestade perfeita.

Pesquisas recentes mostram que foi a perda de um gene específico que aumentou nosso risco de doenças cardiovasculares em comparação com outros animais, incluindo nosso primo mais próximo, o chimpanzé. Esse estudo também mostrou que alterar ratos geneticamente para ter as mesmas mutações genéticas que humanos resultou em um aumento no risco de ataque cardíaco comparado a ratos normais. No futuro, podemos usar a engenharia genética para reduzir nosso risco de doenças do coração.

Chimpanzé-comum (Pan troglodytes) (Foto: Wikipedia Commons)

Rato-toupeira-pelado e câncer

O rato toupeira pelado pode ser meio feio, mas esse roedor é alvo de muito interesse dos cientistas porque ele não tem câncer. Eles também podem nos ensinar algo sobre longevidade. Dado o tamanho, deveriam viver o mesmo que seus parentes arganazes (cerca de quatro anos),mas eles geralmente vivem sete vezes mais tempo.

Esses roedores feios estão revelando seus segredos a cientistas aos poucos, e um dia podem nos ajudar a desenvolver novas terapias para superar o câncer e doenças relacionadas ao envelhecimento.

Rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glaber) é encontrado no Corno de África (Foto: Flickr/Jedimentat44/Creative Commons)

Cangurus e osteoartrite

Osteoartrite tem muitas causas, mas obesidade, postura ruim e mal alinhamento das articulações (artropatia) são fatores de risco chave. Muitos primatas e carnívoros têm problemas de articulações iguais aos de humanos, com macacos grandes apresentando algumas das maiores prevalências de artropatias.

Por outro lado, cangurus podem pular a velocidades de 65 km/h com baixo risco de artrite, até quando são mais velhos. Uma estrutura de cartilagem única em seus joelhos os permite aguentar o esforço do agachamento constante e do impacto de aterrisagem. O arranjo dos ligamentos também melhora a estabilidade das articulações, o que é importante para manter uma boa saúde delas. Pesquisas como essas poderiam ajudar a melhorar os materiais usados para implantes de joelho artificiais em humanos.

Cangurus (Foto: Pixabay)

Peixe tetra-cego e diabetes

As diabetes são um problema de saúde global e as principais causas de cegueira, falência renal, ataques cardíacos, derrame e amputação. Cerca de um a cada dez adultos tem a doença e as taxas de diabetes estão em uma trajetória crescente. A solução para essa doença — se é que existe uma — pode vir do peixe tetra-cego mexicano.

Esses pequenos peixes comem algas e podem se empanturrar sem nenhum problema, visto que são unicamente adaptados para sobreviver sem regular o nível de açúcar no sangue. Isso significa que os sintomas normalmente vistos em humanos diabéticos, que têm variações grandes de níveis de glicose no sangue, não são um problema para esses peixes. Cientistas esperam que entender mais sobre esses peixes pode ajudar a encontrar um tratamento melhor para a doença.

Zebras e úlceras

ANIMAIS PODEM AJUDAR A HUMANIDADE A COMBATER DOENÇAS (FOTO: MARIEKE IJSENDOORN-KUIJPERS/FLICKR/CREATIVE COMMONS)

Em ambientes cada vez mais estressantes, estamos ficando mais cientes da nossa saúde mental. Mas não raro ignoramos como isso pode afetar nossa saúde física. Como humanos, nossos centros de processamento do cérebro frequentemente combinam coisas difíceis que acontecem em nossas vidas. Isso significa que experimentamos estresse crônico por longos períodos. Eventualmente, isso pode levar a úlceras estomacais.

Animais, como as zebras, em geral experimentam estresses por períodos menores, por exemplo quando estão procurando comida ou tentando fugir de predadores. Eles raramente experimentam períodos mais longos e crônicos de estresse. Mas pesquisas mostraram que expor animais, como ratos, a períodos longos e persistentes de estresse pode provocar úlceras similares às vistas em humanos. Isso serve como um bom lembrete de que nossos estilos de vida modernos e estressantes são ruins para todos os aspectos da nossa saúde.

A relação entre animais e doenças não é uma via de mão única. Existem muitas situações em que usamos o entendimento humano de doenças para ajudar animais, como levar nosso conhecimento sobre clamídia para koalas, que podem sofrer com infertilidade, cegueira e morte por causa da doença.

Adam Taylor é diretor do Centro de Aprendizagem em Anatomia Clínica na Universidade Lancaster. Texto originalmente publicado no site The Conversation.

Fonte: Galileu