Petrópolis e Angra estarão em fase de testes de sistema de alerta de desastres de avisos no celular, com início no sábado
7 de agosto de 2024

Cidades fluminenses estão entre os municípios que terão nova plataforma, projeto-piloto inédito no país. Não será preciso se cadastrar para receber as mensagens

O governo federal lança um projeto-piloto do sistema brasileiro de alertas contra desastres, o Defesa Civil Alerta. Nesta fase inicial, 11 cidades brasileiras serão cobertas pela nova plataforma. No Rio de Janeiro, foram escolhidas Petrópolis, na Região Serrana, e Angra dos Reis, na Costa Verde. A fase de teste começa no próximo sábado, dia 10, a partir das 15h. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira.

A implantação é coordenada pela Defesa Civil Nacional e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e executada pelas prestadoras de telefonia móvel (Algar, Claro, Tim e Vivo). As definições de conteúdo e do momento de envio dos alertas é de responsabilidade dos órgãos de Defesa Civil. Não será necessário cadastramento prévio no serviço de alerta.

Os aparelhos celulares que estiverem de acordo com as especificações (saiba mais abaixo), receberão a notificação desde que estejam na área afetada, numa tecnologia cell broadcast, com os pop-ups para as mensagens. O período de teste, com início no próximo sábado, tem previsão de duração de 30 dias. Em nota, a Prefeitura de Petrópolis informou que os testes começarão no município às 15h40.

A nova tecnologia será executada nas seguintes cidades:

  • Roca Sales (RS)
  • Muçum (RS)
  • Blumenau (SC)
  • Gaspar (SC)
  • Morretes (PR)
  • União da Vitória (PR)
  • São Sebastião (SP)
  • Cachoeiro do Itapemirim (ES)
  • Indianópolis (MG)
  • Petrópolis (RJ)
  • Angra dos Reis (RJ)

O lançamento contou com os ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes, e da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, no Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). Também participaram representantes do Ministério das Comunicações e da Anatel.

Como vai funcionar

O sistema utiliza a rede de telefonia celular para emitir os alertas, com aviso sonoro e vibratório. No aparelho, o aviso vai se sobrepor a qualquer outro conteúdo em uso na tela do usuário. O alerta também vai funcionar nos celulares que estiverem em modo silencioso.

Com o novo sistema, os residentes em áreas de risco e visitantes, inclusive estrangeiros, que estejam passando pelo local vão receber as mensagens sem a necessidade de cadastro prévio. As mensagens de texto serão enviadas para os celulares das pessoas que estejam em localidades com risco de desastres naturais como alagamentos, enxurradas, enchentes, deslizamentos de terra e vendavais, ou, causados pelo homem. A depender da gravidade do alerta, também será emitido um sinal sonoro similar a uma sirene.

Além do alerta sonoro, a funcionalidade no celular que permite a leitura do alerta dará acesso a pessoas com dificuldades visuais.

Atualmente, em um dos modos mais comuns para notificação via celular é preciso se cadastrar para receber mensagem de alerta sobre possíveis riscos. É necessário, através do aplicativo de Mensagem (SMS), enviar para o número 40199 o CEP do endereço em que está ou que deseja receber informações sobre.

Segundo o governo, o novo sistema não substituirá os alertas enviados por outros meios, sendo assim, também será possível receber as notificações por SMS, por exemplo. O novo sistema é lançado para se somar aos anteriores, como via WhatsApp, Telegram e TVs por assinatura

Para o novo sistema, os celulares compatíveis são os lançados a partir de 2020. Em termos técnicos, aparelhos definidos como CAT 4 ou superior pelo padrão 3GPP, que suportem tecnologias 4G ou 5G com os sistemas operacionais Android e iOS, segundo o governo.

A ferramenta

Durante a coletiva, o diretor do Cenad, Armin Brown, destacou que a tecnologia desenvolvida segue os padrões de países com expertise em lidar com desastres naturais, como Estados Unidos, Japão e Chile, ainda alinhado ao projeto de alertas prococe lançado pelas Nações Unidas.

Brown destacou que, diante de desastres naturais (ou de sua possibilidade), a Defesa Civil trabalha com cinco fases, sendo elas: prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. A nova ferramenta auxiliará na preparação do enfrentamento diante de um cenário real, como em comunicar e direcionar as ações da população no local.

— Queremos encaixar a nossa ferramenta como sendo de preparação. Os sistemas de alerta e alarme estão encaixados dentro da fase de preparação. Nós sabemos que existe a possibilidade de ocorrer eventos adversos importantes, e, frente a isso, a gente tem a necessidade de desenvolver planejamento de contingência, mecanismos de sistema de alerta e alarme, preparação das comunidades de forma a se evitar a perda de vidas, principalmente, mas também a redução de danos e de prejuízos econômicos, ambientais e sociais nos desastres — disse o diretor do Cenad.

Segundo a conselheira da Anatel Cristiana Camarate, os alertas gerados fornecerão instruções claras para proteger vidas e propriedade em situações de risco, com orientação sobre evacuação e de pontos de abrigo seguro.

— A Anatel tem entre suas atividades prioritárias a resposta a desastres. Em nossas competências atuamos com instituição do Estado Brasileiro para o rápido reestabeleicimento das redes de comunicações quando desastres ocorrem para comunicar medidas de prevenção e até mesmo para auxiliar na localização de feridos — destacou Cristiana Camarate. — Um sistema inovador que utiliza a tecnologia cell brodcast, já utilizada em outros países, como Estados Unidos, Alemanha, Itália e Chile. Apromorando, então, as nossas notificações de desastres. O sistema brasileiro foi desenvolvido nacionalmente e considerou as nosas especificidades.

O ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, destacou a importância da adesão da população ao novo sistema.

— O trabalho da prevenção, o trabalho do alerta precoce é uma mudança de comportamento provocado pela necessidade. Nós tivemos esse conjunto de mudanças que estão sendo aqui expostas, nós tivemos no início do ano passado o episódio em São Sebastião, depois nós tivemos do Rio Grande do Sul, e várias oportunidades, momentos de risco — disse Paulo Pimenta. — A partir do momento que vamos adotar uma tecnologia, que é uma das tecnologias mais avançada do mundo, poucos países do mundo têm essa tecnologia, o Brasil vai passar a ter uma outra postura. Inclusive, nós seremos capazes de oferecer essa tecnologia para outras países da América do Sul, da América Latina, que também vivem essa realidade e não dispõem dessa tecnologia.

Cidades fluminenses escolhidas

Em março deste ano, apenas em quatro dias, Petrópolis registrou 580 deslizamentos, por conta da chuva. A história recente do município foi marcada pela tragédia quando, em fevereiro de 2022, as fortes chuvas deixaram 241 mortos, após transbordos de rios, desabamentos e deslizamentos.

Também em março deste ano, Angra sofreu com as fortes chuvas, com registro de deslizamentos. Em dezembro do ano passado, a prefeitura do município decretou situação de emergência dado o alto volume de chuvas. Houve registro de inundações, como no bairro Bracui, por conta também da subida da maré. Mais de 300 pessoas ficaram desabrigadas.

Novos radares no estado

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) firmou um Termo de Compromisso com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), na última segunda-feira, para que sejam adquiridos dois radares meteorológicos para auxiliar no monitoramento das chuvas na Região Serrana do Rio, com maior precisão do local da precipitação. Os equipamentos serão comprados em um prazo máximo de seis meses com recursos do projeto “Incremento da cobertura da estimativa de chuva por radar no estado do Rio de Janeiro”, do Fundo Estadual de Controle Ambiental (FECAM).

Um dos radares será instalado na Serra do Capim, em Teresópolis, e atenderá as regiões hidrográficas IV (Piabanha) e VII (Rio Dois Rios), e ajudará na previsão da chegada de frentes frias na Região Serrana. O segundo equipamento ainda terá o local definido. A banco Bradesco também entregará ao município de Petrópolis mais um radar meteorológico, que será instalado nas Torres do Morin, após assinar com o MPRJ um Acordo de Não Persecução Cível em 13 de junho deste ano.

Fonte: O GLOBO

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