Pareço mas não sou: aranhas que mimetizam outros invertebrados
7 de abril de 2023

A busca pela sobrevivência na natureza pode ser adotada através de mímicos. As aranhas podem ser miméticas de diferentes seres vivos. Mas como funciona este mecanismo? O nome dessa característica é mimetismo, ou seja, quando uma aranha ao longo de anos de evolução, se torna muito parecida com outro invertebrado, através de características adaptativas, como exemplo imitar formigas.

Mas quais os benefícios do mímico ao usufruir desta estratégia? O principal que se pode citar é a proteção contra predadores. Entretanto, outras vantagens neste comportamento podem ser observadas, bem como: vantagem no acasalamento (em colônias protegidas), alimentação (predação destas formigas) e/ou confundir a presa. Existem diferentes famílias de aranhas que são mimercomorfas, como por exemplo: Zodariidae, Gnaphosidae, Theridiidae, Thomosidae, Corinnidae, mas principalmente as Salticidae.

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Uma formiga (modelo mimético) e uma aranha papa-moscas (mímico) – Foto: Thomas Shahan

Quando uma aranha imita morfologicamente uma formiga, denominamos isso de mirmecomorfismo. Isso inclui imitações morfológicas da coloração, do comportamento e da química.

 

Por que imitar formigas é vantajoso

Formigas, em sua maioria, são impalatáveis por alguns predadores; diferentes adaptações, principalmente morfológicas, são observadas nestas aranhas, como o primeiro par de pernas fazer o movimento como se fosse uma antena (imitam o comportamento) e também afinamento do cefalotórax, parecendo o tórax de uma formiga. Além disso, variações de coloração são indiscutivelmente no mesmo padrão.

Pode-se observar, ao longo da evolução destas aranhas, que muitas conseguem imitar o cheiro (feromônio) de formigas e viver livremente em suas colônias de formigueiros.
Mas será que tudo sempre ocorre da melhor maneira possível? E os modelos, será que percebem que estão sendo observados? Veja a resposta na imagem abaixo.

Formigas detectando uma aranha mimética e atacando – Foto: Pavan Ramachandra

Além destas adaptações, existem também os mimetismos defensivos: o batesiano e o mülleriano. Para ilustrar o mimetismo batesiano, trago o exemplo das aranhas papa-moscas e as formigas. As aranhas copiam características destes insetos, em forma e cor. Sendo assim, o predador reconhece o mímico (aranha) e a formiga como uma coisa só e não é palatável. Vale ressaltar que ambos devem ocorrer no mesmo hábitat. Já o caso mülleriano ocorre quando duas ou mais espécies impalatáveis se imitam, formando um grupo de espécies parecidas que reforçam para os predadores que aquele padrão de cor e forma está associado a um gosto ruim.

No jogo da imitação as aranhas demonstram serem ótimas mímicas de outros invertebrados quando o assunto é a arte da imitação. Até agora falamos de aranhas mimetizando insetos, mas e dentro dos aracnídeos, será que elas também podem imitar outras ordens? É o caso da aranha-escorpião australiana do gênero Arachnura (Araneidae).

Aranhas do gênero Arachnomura imitando formas de escorpião – Foto: Shekainah Alaban

Apesar das cores, formas, tamanhos e imitações, nenhuma destas aranhas é considerada de importância médica, pelo contrário, são preciosidades da natureza que interagem sob diferentes perspectivas.

Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)

Fonte: Fauna News

Bióloga, mestra em Biologia Animal e doutoranda em Biologia pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia: Diversidade e Manejo de Vida Silvestre na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
invertebrados@faunanews.com.br

Uma aranha Corinnidae e uma vespa reforçando o padrão de coloração aposemático (coloração de advertência) na natureza (vermelho) – Foto: Paul Bertner

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