No início dos anos 1980, artigos começaram a circular em publicações populares de pseudociência atribuindo às pedras uma origem alienígena e observando que elas eram “evidências de uma presença extraterrestre” na Terra antes do aparecimento dos humanos.
Na segunda metade do século 20, começaram a surgir relatos de descobertas misteriosas nas minas perto da cidade de Ottosdal, na África do Sul.
Os artefatos encontrados eram esferas, polidas e com linhas perfeitamente esculpidas, que se assemelhavam muito a uma bola de críquete.
À primeira vista, parecia que esses objetos, que não passavam de 10 centímetros de diâmetro, haviam sido esculpidos pela mão humana e faziam parte do patrimônio arqueológico de uma civilização antiga.
No entanto, o surpreendente é que as bolas foram descobertas dentro de uma rocha de pirofilita (um mineral usado para esculturas chinesas) formada há cerca de 2,8 bilhões de anos.
Ou seja, uma época em que não havia vida inteligente na Terra.
As esferas foram levadas para a cidade de Klerksdorp, no norte da África do Sul, para serem estudadas e posteriormente expostas no principal museu da cidade.
Por esse motivo, ficaram conhecidas como esferas de Klerksdorp.
No entanto, no início dos anos 1980, artigos começaram a circular em publicações populares de pseudociência atribuindo às pedras uma origem alienígena e observando que elas eram “evidências de uma presença extraterrestre” na Terra antes do aparecimento dos humanos.
Um desses artigos foi assinado por um pesquisador chamado Michael Cremo e foi publicado em um portal de notícias.
“Essas publicações surgiram devido à falta de estudos geológicos que explicassem a verdadeira origem dessas pedras”, disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o geólogo sul-africano Bruce Caircorne, da Universidade de Joanesburgo.
Cairncross aponta que as esferas estão longe de ser um mistério, muito menos um possível vestígio da passagem de seres extraterrestres em nosso planeta.
“Acreditava-se que não havia necessidade de explicar algo que parecia óbvio: que as pedras haviam sido extraídas de rochas formadas há bilhões de anos”, disse o geólogo.
” Embora possa ser entendido que eles chamam a atenção, esses tipos de esferas são muito comuns nas formações de pirofilita .”
Mas como eles conseguiram essa forma?
Milhões de anos de formação
Como aponta o portal IFLScience, durante a década de 1980, vários artigos de pouca base científica passaram a apontar que as esferas de Klerksdorp haviam sido feitas por “uma civilização superior, uma civilização anterior ao grande dilúvio da qual praticamente nada sabemos “.
Conforme observado por outras reportagens, como a Lapidary Magazine , alguns meios de comunicação foram além e acrescentaram que as esferas giravam sozinhas dentro da vitrine onde haviam sido colocadas.
Por isso, uma sociedade conhecida como Society for the Rational Investigation of Paranormal Phenomena buscou a colaboração de Cairncross para refutar os argumentos que ganhavam cada vez mais adeptos.
“Não bastava a explicação básica: que eles surgiram de uma formação de mais de 2,8 bilhões de anos, mas tivemos que ir mais fundo: explicar como eles se formaram”, diz o acadêmico.
Para isso, ele explicou que as pedras foram encontradas em uma formação conhecida como “grupo dominante”.
“A principal característica é o que forma esse conglomerado, com várias camadas de lava vulcânica que se depositaram no topo e que, depois de muita pressão e calor, se transformaram em pirofilita, que é o que recobre as esferas”, disse.
O próprio geólogo indica que a peculiaridade das pedras se deve ao fato de terem permanecido por milhões de anos sob a pressão e o calor que se formam dentro de uma rocha maior que de alguma forma as “abriga”, e terem sido expostas à erosão da água.
“As esferas são conhecidas como concreções: objetos esféricos, elípticos ou achatados formados por diversos minerais que estão na rocha hospedeira. E são bastante comuns, tendo sido encontrados milhares ao redor do mundo”, observa o geólogo.
Estas concreções, acrescenta o especialista, encontram-se em rochas de grão fino, como a pirofilita que abunda naquela região da África do Sul.
Explicações pseudocientíficas se espalharam
Cairncross aponta que uma das razões pelas quais ele decidiu dar uma explicação mais ampla sobre as esferas foi porque muita gente estava acreditando no que divulgavam as publicações pseudocientíficas.
O geólogo se refere a uma revista que noticiou que as esferas tinham sido levadas para a Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA) e citava um relatório que indicava a suposta produção das peças “num local com gravidade zero”.
Mas o especialista aceita que as esferas de Klerksdorp tenham uma particularidade que talvez não se veja em todas as esferas semelhantes que já foram encontradas no mundo: as linhas paralelas que as atravessam, aquelas que lhes dão a aparência de uma bola de críquete.
“Na verdade não são linhas, mas camadas”, diz o geólogo.
“Isso é um produto dos rastros deixados pela rocha hospedeira, que se acumularam em camadas ao longo de muito, muito tempo, criando o efeito que você pode ver agora”, diz ele.
Fonte: Terra
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