Trata-se do primeiro pouso nessa região lunar misteriosa, vista pela primeira vez por sonda soviética em 1959 — mas até hoje inexplorada de perto por instrumentos científicos
Em uma missão histórica, a Índia pousou, nesta quarta-feira (23), sua sonda Chandrayaan-3 no polo sul lunar, também chamado de lado oculto, ou escuro, da Lua. Trata-se do primeiro pouso indiano na superfície do satélite e a primeira vez que uma espaçonave aterriza nessa região inexplorada.
O feito aconteceu por volta das 9h33 no horário de Brasília. “Conseguimos um pouso suave na Lua. A Índia está na Lua”, comemorou Sreedhara Panicker Somanath, presidente da Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO, na sigla em inglês), durante uma transmissão ao vivo do evento.
A Índia pousou na Lua após uma tentativa fracassada em 2019, com a missão Chandrayaan-2, e junta-se agora aos Estados Unidos, à União Soviética e à China, que também já aterrizaram no satélite. O pouso bem-sucedido ocorreu após o desastre da missão russa Luna-25, que tinha como alvo a mesma região lunar, mas acabou falhando e caindo no último domingo (20).
O lado mais misterioso
O lado oculto da Lua é a parte que não é visível da Terra, iluminada pelo Sol em diferentes momentos. “A Lua leva tanto tempo para girar em seu eixo quanto para girar em torno da Terra, então vemos apenas uma face da Lua em nosso planeta”, explica a Agência Espacial Europeia (ESA).
De acordo com a Sociedade Planetária Americana, a humanidade viu o lado escuro da Lua pela primeira vez em 1959, graças à sonda soviética Luna 3, que registrou as primeiras imagens da região, revelando um hemisfério cheio de crateras que parecia mais com Mercúrio e a lua Calisto, de Júpiter.
Chandrayaan-3 teve como destino essa região lunar porque ela tem potencial para exploração espacial, sendo abundante em gelo de água, o que é crucial para futuras missões humanas. Acredita-se ainda que esse gelo possa ser extraído para ser utilizado como combustível de foguete.
Um estudo publicado na revista Nature em 5 de julho de 2023, com base em dados das sondas chinesas Chang’E 1 e 2, revelou ainda que o lado oculto da Lua pode ter até hoje o calor de um vulcão que entrou em erupção pela última vez há mais de 3,5 bilhões de anos.
Em 2019, o explorador robótico chinês Chang’e-4 encontrou o que cientistas acreditaram ser inicialmente um gel misterioso na parte oculta lunar, mas especulou-se mais tarde se tratar de um pedaço de vidro lunar derretido. Cerca de três anos depois, o rover chinês Yutu 2 descobriu um par de esferas de vidro translúcidas na mesma região, segundo o site Space.com.
Vários orbitadores lunares mostraram ainda que as rochas do lado oposto têm uma composição química visivelmente diferente das rochas do lado próximo, conforme a Sociedade Planetária Americana. Os orbitadores gêmeos GRAIL da Nasa, lançados em 2011, revelaram que a crosta do lado oculto é cerca de 20 km mais espessa, em média, do que o lado próximo.
Com o sucesso do pouso no lado escuro lunar, o primeiro-ministro indiano expressou confiança de que as realizações levarão a Índia além das órbitas lunares. “Vamos testar os limites do nosso sistema solar e trabalhar para realizar as infinitas possibilidades do universo para os humanos”, afirmou Modi.
Fonte: Revista Galileu
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