Cientistas descobrem que musgo do deserto pode sobreviver em Marte
8 de julho de 2024

A planta, que é conhecida por suportar condições ambientais extremas de seca, foi colocada em simuladores com condições iguais a do planeta vermelho

Conhecido por tolerar condições de seca, o musgo do deserto Syntrichia caninervis também consegue sobreviver a temperaturas congelantes de até -196°C e altos níveis de radiação gama. Foi o que descobriram cientistas cujas conclusões foram registradas no dia 30 de junho no periódicoThe Innovation.

Conforme os pesquisadores, essa planta é capaz de aguentar condições árduas ambientais simuladas em Marte envolvendo três fatores de estresse: a seca, o frio de centenas de graus celsius negativos e a radiação extrema.

O musgo é, portanto, um candidato promissor para colonizar o planeta Marte. “Nosso estudo mostra que a resiliência ambiental de S. caninervis é superior à de alguns microorganismos altamente tolerantes ao estresse e tardígrados”, escrevem na pesquisa os ecologistas Daoyuan Zhang e Yuanming Zhang e o botânico Tingyun Kuang da Academia Chinesa de Ciências, segundo comunicado.

Anteriormente, alguns estudos testaram a capacidade de microorganismos, como algas, líquens e esporos de plantas, resistirem aos ambientes extremos do espaço ou de Marte. Entretanto, esta é a primeira pesquisa a testar plantas inteiras.

A espécie de musgo Syntrichia caninervis é comum e tem uma ampla distribuição global. Além de crescer no deserto, consegue brotar na Antártida e no Tibete. Em terras áridas, a planta funciona como uma cobertura terrestre amplamente distribuída.

Simulações de Marte

Como os pesquisadores já conheciam as habilidades do musgo de sobrevivência na natureza, resolveram testar seus limites no laboratório. Com o intuito de avaliar a tolerância da planta no frio, eles fizeram seu armazenamento a – 80°C em um freezer ultrafrio por 3 e 5 anos. O teste também foi feito em um tanque de nitrogênio líquido por 15 e 30 dias.

Em todos os experimentos, as plantas se regeneraram após serem descongeladas. Entretanto, sua recuperação foi mais lenta em comparação com espécies que foram somente desidratadas.Além disso, os musgos que não foram desidratados antes de serem congelados tiveram uma recuperação mais lenta.

Quando expostos à radiação gama capaz de matar a maioria das plantas, os musgos sobreviveram. Inclusive, doses de 500 unidades gray (Gy) pareciam até promover o crescimento deles. Comparativamente, quando os humanos são expostos a 50 Gy, passam por convulsões graves e morte. “Nossos resultados indicam que S. caninervis está entre os organismos mais tolerantes à radiação conhecidos”, afirmam os pesquisadores.

Em outra simulação da atmosfera marciana, 95% do ar era composto de CO2 (dióxido de carbono), as temperaturas variavam de -60°C a 20°C, os níveis de radiação UV eram altos e havia uma baixa pressão atmosférica.

Em 30 dias, as plantas de musgo seco ficaram completamente regeneradas. Já as plantas hidratadas, submetidas ao simulador durante um dia, também conseguiram sobreviver, porém, se regeneraram mais lentamente do que as plantas secas.

(A) Distribuição geográfica global da crosta de S. caninervis (B) Um habitat típico onde a crosta de S. caninervis é encontrada no deserto de Gurbantunggut, na China. (C) Crosta desidratada de S. caninervis (D) Crosta hidratada de S. caninervis .(E) Crosta congelada de S. caninervis com cobertura de neve no inverno — Foto: Daoyuan Zhang et.al/The Innovation
(A) Distribuição geográfica global da crosta de S. caninervis (B) Um habitat típico onde a crosta de S. caninervis é encontrada no deserto de Gurbantunggut, na China. (C) Crosta desidratada de S. caninervis (D) Crosta hidratada de S. caninervis .(E) Crosta congelada de S. caninervis com cobertura de neve no inverno — Foto: Daoyuan Zhang et.al/The Innovation

“Embora ainda haja um longo caminho a percorrer para criar habitats autossuficientes em outros planetas, demonstramos o grande potencial de S. caninervis como uma planta pioneira para crescimento em Marte”, relatam os pesquisadores. “Olhando para o futuro, esperamos que este musgo promissor possa ser levado a Marte ou à Lua para continuar testando a possibilidade de colonização e crescimento de plantas no espaço sideral“.

Fonte: Revista Galileu

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