É de conhecimento comum que muitos tipos diferentes de artrópodes, como aranhas, centopeias e outros insetos, podem regenerar seus próprios membros após uma perda. Quando atacados, por exemplo, caranguejos se livram de suas patas para fugir. Todavia, nunca antes havia sido registrado o crescimento de uma parte do corpo perdida. Não membros. Até agora. Pesquisadores da Universidade de Humbold, em Berlim, descobriram que aranhas-do-mar apresentam essa capacidade.
“Ninguém esperava isso. Fomos os primeiros a mostrar que isso é possível”, diz Gerhard Scholtz, cientista da universidade alemã e autor principal de um artigo científico publicado sobre a descoberta na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Em laboratório, foram amputados partes do corpo de 23 aranhas-do-mar da espécie Pycnogonum litorale, tanto juvenis como adultas.
No caso das adultas não houve regeneração das partes, mas dois anos após a perda das mesmas, elas continuam vivas. Já nas mais jovens, houve crescimento, incluindo do intestino posterior, ânus, musculatura e partes dos órgãos reprodutivos.
Segundo o relato dos pesquisadores, 90% das aranhas-do-mar sobreviveram por um longo tempo e as juvenis ainda apresentaram troca de exoesqueleto pela menos uma vez.
A descoberta é importante porque pode abrir novos caminhos na área de regeneração celular. O próximo passo dos cientistas é tentar encontrar qual o mecanismo que está por trás dessa habilidade.
“Podemos tentar descobrir nos níveis celular e molecular o que possibilita a regeneração. Talvez haja células-tronco envolvidas”, conjectura Scholtz. “Talvez os mecanismos que detectamos em artrópodes possam ajudar nos tratamentos médicos de perda de membros e assim por diante em humanos. Esta é sempre a esperança”.
Foto de abertura: NOAA Office of Ocean Exploration and Research, Deep-Sea Symphony: Exploring the Musicians Seamounts/Creative Commons/Flickr
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
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