Degradação ambiental afeta polinização, levando a uma perda de 3 a 5% da produção de alimentos nutritivos e expondo humanos à fome e à uma série de doenças
A polinização animal apoia a produção agrícola de frutas, legumes e oleaginosas, que fornecem nutrientes essenciais e protegem contra doenças não transmissíveis. No entanto, o aumento da ação humana sobre os sistemas naturais está causando perdas alarmantes na biodiversidade, inclusive sobre os polinizadores.
Segundo um novo estudo publicado na revista Environmental Health Perspectives em dezembro, a maioria das culturas recebe polinização abaixo do ideal devido à falta de insetos polinizadores. Atualmente, esses animais vêm sofrendo devido a uma série de pressões antropogênicas diretas e indiretas como: mudança no uso da terra, técnicas agrícolas intensivas, pesticidas nocivos, estresse nutricional e mudanças climáticas.
Por esse motivo, a polinização inadequada levou a uma perda de 3 a 5% da produção de alimentos saudáveis para dieta global e a um número estimado de 427 mil mortes em excesso anualmente. Isso porque, sem os nutrientes necessários, as pessoas ficam mais suscetíveis a doenças cardíacas, derrames, diabetes e certos tipos de câncer.
A pesquisa, que é a primeira a quantificar o efeito do declínio de polinizadores selvagens para a saúde humana, foi conduzida por especialistas da Escola de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
“Este estudo estabelece que a perda de polinizadores já está impactando a saúde em uma escala com outros fatores globais de risco à saúde, como câncer de próstata ou transtornos por uso de substâncias”, disse Samuel Myers, pesquisador de saúde planetária, no Departamento de Saúde Ambiental, em comunicado.
Polinizadores
Para esta análise, os pesquisadores utilizaram uma estrutura modelo, que incluía evidências empíricas de diversas fazendas experimentais na Ásia, África, Europa e América Latina. Por meio de uma abordagem de zonação climática, a equipe analisou as lacunas de produção de polinizadores para as culturas dependentes mais importantes, mostrando o quanto da colheita fio perdida devido à polinização insuficiente.
Então, eles usaram um modelo global de risco-doença para estimar os impactos na saúde que as mudanças na polinização poderiam ter sobre os riscos alimentares e a mortalidade por país. Além disso, calcularam a perda de valor econômico da polinização em três países em estudos de caso.
“A produção perdida de alimentos concentrou-se em países de baixa renda, enquanto os impactos no consumo de alimentos e na mortalidade atribuíveis à polinização insuficiente foram maiores em países de renda média e alta com taxas mais altas de doenças não transmissíveis”, relatam os pesquisadores no estudo.
A distribuição geográfica foi um tanto incomum. Geralmente os efeitos da mudança ambiental global na saúde estão centrados entre as populações mais pobres em regiões como o sul da Ásia e a África Subsaariana. Contudo, nesta pesquisa, os países de renda média com grandes populações – China, Índia, Indonésia e Rússia – foram os que mais sofreram.
A análise também mostrou que os países de baixa renda perderam receita agrícola significativa devido à polinização insuficiente e tiveram rendimentos mais baixos, entre 10% e 30% do valor agrícola total.
Esforços coletivos
Esses resultados ressaltam a necessidade urgente de promover práticas amigáveis aos polinizadores, tanto para a saúde humana quanto para os meios de subsistência agrícolas.
“Os resultados podem parecer surpreendentes, mas refletem a complexa dinâmica de fatores por trás dos sistemas alimentares e das populações humanas em todo o mundo. Somente com esse tipo de modelagem interdisciplinar podemos obter uma solução melhor sobre a magnitude e o impacto do problema”, disse Timothy Sulser, cientista sênior do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar e coautor do estudo.
A equipe finaliza ressaltando a necessidade de se estabelecer estratégias para proteger polinizadores silvestres, pois, sem eles, além da degradação ambiental, podemos sofrer impacto negativo na saúde humana e na economia.
Fonte: Revista Galileu
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