Centro de triagem em Seropédica é a única unidade do Ibama no Rio que reabilita e devolve à natureza bichos apreendidos ou resgatados.
A última chance de liberdade para bichos retirados de seu habitat natural quase sempre passa pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica, na Baixada Fluminense (RJ). A unidade é a única do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Rio capacitada para reabilitar e devolver à natureza aves, mamíferos e répteis apreendidos ou resgatados. De janeiro a março de 2023, passaram por lá 1.262 bichos. Nem todos sobreviveram. Desse total, cerca de 70% foram vítimas do tráfico de animais silvestres.
Papagaios falsos
Na tarde de 20 de março, uma equipe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) chegou ao Cetas transportando 90 aves em gaiolas — todas apreendidas em duas feiras conhecidas por traficar animais: uma em Caxias, na Baixada, e outra na Tijuca, na Zona Norte. Em um cubículo, o pássaro todo espremido tinha cabeça e pescoço amarelos — seria, à primeira vista, um papagaio, animal que pode ser vendido até por R$ 4 mil no mercado ilegal.
Ao primeiro exame, o técnico ficou com as mãos amarelas: a ave estava com as penas pintadas. Era, na verdade, uma maritaca, sem tanto valor comercial, mas de comercialização igualmente controlada. Segundo o veterinário Leandro Nogueira da Silva, de 41 anos, chefe do Cetas, é comum que traficantes pintem esses pássaros para que sejam vendidos como filhotes de papagaio.
Durante a apreensão, policiais também encontraram dois trinca-ferros, que estavam com falsas anilhas de identificação do Ibama presas às pernas. A falsificação dá a impressão de que os passarinhos, retirados da natureza, haviam nascido em criadouros autorizados e que, por isso, poderiam ser comercializados.
— Para o traficante, pouco importa o bem-estar ou a saúde do animal. É comum chegar ao Cetas macaco-prego com o olho furado. Um macaco cego é um animal dócil para o comprador. Maritaca com a cabeça pintada de amarelo e a cauda cortada, o comprador acha que é um papagaio e vai pagar mais caro — explica o chefe do Cetas.
A luta de quem salva animais do tráfico e de maus-tratos
Ao primeiro exame, o técnico ficou com as mãos amarelas: a ave estava com as penas pintadas. Era, na verdade, uma maritaca, sem tanto valor comercial, mas de comercialização igualmente controlada. Segundo o veterinário Leandro Nogueira da Silva, de 41 anos, chefe do Cetas, é comum que traficantes pintem esses pássaros para que sejam vendidos como filhotes de papagaio.
Durante a apreensão, policiais também encontraram dois trinca-ferros, que estavam com falsas anilhas de identificação do Ibama presas às pernas. A falsificação dá a impressão de que os passarinhos, retirados da natureza, haviam nascido em criadouros autorizados e que, por isso, poderiam ser comercializados.
— Para o traficante, pouco importa o bem-estar ou a saúde do animal. É comum chegar ao Cetas macaco-prego com o olho furado. Um macaco cego é um animal dócil para o comprador. Maritaca com a cabeça pintada de amarelo e a cauda cortada, o comprador acha que é um papagaio e vai pagar mais caro — explica o chefe do Cetas.
Nessa leva do dia 20 de março, pelo menos seis pássaros não suportaram o estresse do transporte em condições deploráveis. Os sobreviventes passaram por um período de tratamento, quarentena e reabilitação. Quando estiverem aptos, serão soltos na natureza, com anilhas.
Mais da metade dos animais que chegam ao Cetas é de fora do Rio. Um dos mais comuns é o jabuti-piranga, ou jabuti-de-cabeça-vermelha, oriundo da Região Amazônica. Cerca de 40 indivíduos são apreendidos por mês. Hoje, há cerca de cem deles em um dos recintos do centro. Em dezembro, 44 foram devolvidos a seus estados de origem.
— Temos muitos animais que não são da fauna do Rio. Então, após a reabilitação, eles têm que ser repatriados. É o caso, por exemplo, das araras, dos papagaios, dos jabutis-pirangas, do corrupião e do galo-de-campina. A cada três meses, fazemos uma viagem para estados onde a gente tem essa demanda — explicou Leandro da Silva.
Aqueles que não podem ser devolvidos à natureza, por motivo de saúde, por exemplo, têm a alternativa de ir para um santuário ou um zoológico. O Cetas ainda recebe bichos resgatados após saída acidental do seu habitat, ou que sofreram ferimentos por razão não natural, como atropelamentos. Foi o caso de um lobo-guará atingido no início de março, em Teresópolis, na estrada que liga o município à cidade mineira de Além Paraíba. Ele foi operado, mas não resistiu aos ferimentos.
Já uma onça-parda capturada em 2022, em uma fazenda próxima à cidade de Maricá, passou por exames que detectaram que o animal é portador do Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) e, portanto, não pode mais voltar ao seu habitat para não correr o risco de contaminar outros da mesma espécie. Seu destino será provavelmente um zoológico ou um santuário.
Até um ano de detenção
Segundo o delegado Wellington Vieira, da DPMA, seis pessoas foram presas na ação de 20 de março, nas feiras de Duque de Caxias e da Tijuca. Todos tinham passagens por cometer crimes contra a fauna. Um deles, detido com 11 trinca-ferros, oito coleiros, um bicudo e um pixoxó escondidos em um carro, confessou ser fornecedor de animais silvestres e chegou a ser preso por esse motivo, em 2003, em Minas Gerais. Atualmente, outras seis quadrilhas responsáveis pelo mesmo delito são monitoradas pela especializada. Segundo o delegado, quem for flagrado traficando animais está sujeito a pena, em caso de condenação, que varia de seis meses a um ano de detenção.
Fonte: EXTRA
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