Balanço final do carnaval confirma 202 mortos e mais de 2100 feridos nas rodovias brasileiras
2 de março de 2023

Pesquisa com notícias divulgadas na imprensa sobre acidentes fatais nas rodovias federais e estaduais permitiu identificar pelo menos 202 mortos no Carnaval

Levantamento inédito do SOS Estradas/Estradas.com.br por meio de notícias de acidentes (sinistros) nas rodovias federais, estaduais nos 26 estados e no Distrito Federal, encontrou 202 vítimas fatais, no período da sexta-feira (17) até quarta-feira de Cinzas (22). Mesmo intervalo de tempo utilizado para balanço do carnaval pela Polícia Rodoviária do Federal (PRF) que registrou 73 mortos e 1.520 feridos apenas nas rodovias federais.

O que confirma a previsão feita na quarta-feira (15) pelo SOS Estradas do número de mortos no período de folia. Na ocasião, o SOS Estradas estimou a morte de 200 pessoas  e 2.000 feridos. O levantamento não considerou as mortes urbanas. Apenas os casos em trechos com características rodoviárias.

Ao mesmo tempo, o levantamento inclui os dados inicias apurados até quinta-feira (23), quando o Estradas.com.br conseguiu informações parciais de 12 estados, com 63 mortos nas rodovias estaduais, que somados ao levantamento da PRF, de 73 mortes nas rodovias federais, totalizava 136 vítimas fatais.

Nesta nova pesquisa, com dados mais seguros, foram encontradas sete mortes a mais nas rodovias federais (+10%) e 59 nas estaduais (93%). Esses dados podem ser ainda maiores, principalmente nas rodovias estaduais, devido à precariedade da cobertura de imprensa em alguns rincões do Brasil. Ainda faltam apurar com mais detalhamento as mortes e sinistros fatais nos dois estados mais importantes em termos de malha rodoviária: São Paulo e Minas Gerais, o que poderá aumentar ainda mais o número de casos não revelados.

Metodolodogia da pesquisa com notícias publicadas

Para chegar a esse número de 202 vítimas fatais o SOS Estradas/Estradas.com.br analisou os dados oficiais da Polícia Rodoviária Federal, bem como os raros dados disponíveis pelas polícias rodoviárias estaduais e comparou com o noticiário encontrado na imprensa brasileira, em particular em cada estado, com foco apenas em sinistros com mortes. Foram analisadas mais de 2.000 notícias.

Não foi possível levantar com segurança os dados de feridos, devido às contradições encontradas no noticiário. Por isso, até este momento, o SOS Estradas apenas considera os 2.119 feridos oficialmente confirmados, sendo 1.520 informados pela PRF, e o total divulgado oficialmente pelas polícias rodoviárias estaduais: São Paulo (397), Paraná (108 ), Santa Catarina (58), Tocantins (25) e Sergipe (11).

Apesar de ter solicitado aos órgãos competentes, não recebemos informações oficiais sobre os feridos e mortos de estados importantes como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, dentre outros. Em Minas Gerais, o problema ocorre praticamente todos os feriados. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) informa apenas número de sinistros e mortos, mas não revela o total de feridos, o que na avaliação do coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, é injustificável.

Os dados do Mato Grosso não foram considerados. A informação oficial fornecida foi de que teria ocorrido apenas um sinistro nas rodovias estaduais, em todo período do carnaval. Numa busca rápida, o Estradas.com.br encontrou notícia de mecânico que derrapou com moto e morreu na MT-030, no domingo (19). Outro caso foi de capotamento com morte no local em outra rodovia estadual do Mato Grosso, ocorrido no sábado (18). E mais dois casos fatais.

Apesar da falta de dados totais de feridos, os 2.119 feridos encontrados, somando apenas dados federais e de cinco estados, também confirmam a previsão feita pelo SOS Estradas de pelo menos 2.000 feridos entre a sexta-feira (17) e quarta-feira de Cinzas (22).

Naturalmente que, quando forem disponibilizados os números oficiais sobre o total de feridos dos 21 estados restantes mais o Distrito Federal, o número total de feridos vai superar os 2.500.

Devemos destacar que neste período de carnaval reduz a circulação de caminhões nas estradas por dois motivos. Em primeiro lugar, porque as empresas fecham e, por outro lado, há vários trechos rodoviários com restrições de dias e horários para o tráfego de veículos pesados. Isto reduz o número de colisões com mais mortes. Sem contar que o movimento fica dispersos com pessoas que viajam na quinta-feira e vão retornando ao logo dos dias até domingo após o carnaval.

Total de mortos nas rodovias federais supera o divulgado pela PRF

A primeira análise da pesquisa, na medida do possível, foi checar o número de mortos divulgado pela PRF e comparar com o encontrado no noticiário. No total, foram identificados 7 (sete) óbitos a mais, o que aumentaria o total para 80 e não 73 como anunciado pela Corporação.

Essa discrepância pode ocorrer por algum fato que tenha prejudicado a coleta dos dados, assim como casos em que a notícia não fica restrita à morte no local. Portanto, há casos que a vítima morre na ambulância e para o policial só conta a informação de óbito no local.

Como exemplo, foi informado a morte de uma pessoa num tombamento de caminhão na BR-374, em Roraima. Entretanto, foram dois óbitos, o tio e sobrinho e não apenas 1 como registrado pela PRF.

Também foi encontrado 1 morto a mais do que o informado pela PRF, nos seguintes estados: Bahia, Mato Grosso do Sul, Roraima, Piauí, Pará, além de duas vítimas fatais a mais no Espírito Santo. Ainda não foi possível conferir os casos de São Paulo e Minas Gerais, pelo grande número de sinistros com vítimas nestes dois estados.

No Pará, foi divulgada apenas a morte de um pedestre na BR-376, mas a pesquisa encontrou outro óbito de um motociclista na BR-230. No Espírito Santo, no somatório das vítimas fatais, foi encontrado um idoso atropelado e morto na BR-101 e um ciclista que também veio a óbito na mesma rodovia.

Dados indicam pelo menos 122 mortes nas rodovias estaduais

Quando apuradas as notícias dos sinistros fatais nas rodovias estaduais, foram encontrados mais 122 óbitos em decorrência dos mesmos. Neste caso, é importante ressaltar que somente 12 unidades da federação disponibilizaram algum dado oficial sobre mortos. E somente cinco sobre feridos.

Assim como nas federais, por vezes o levantamento da Polícia Militar Rodoviária indica 1 morto mas, na realidade, são três. Foi o que ocorreu no Paraná, onde uma colisão entre um veículo Gol e um caminhão deixou 1 bebê morto na PR-472 e , nos dados oficiais, seis feridos. Ocorre que dois ocupantes do Gol, além do recém-nascido, morreram logo depois. Aparentemente no local da tragédia ou a caminho do hospital.

Outro dado preocupante são as mortes de motociclistas nas rodovias estaduais e federais. Somente em Pernambuco, de sete mortes registradas, cinco foram de motociclistas. Sendo que, num dos casos, envolveu colisão de duas motos com uma vítima fatal e três feridos.

No Mato Grosso, dois jovens motociclistas morreram após colidirem na traseira de uma carreta parada no acostamento da rodovia. Um deles morreu no local e outro a caminho do hospital.

Neste domingo (26) pós-carnaval, foram 4 vítimas fatais numa estrada estadual do Rio Grande do Sul, em colisão envolvendo automóvel e duas motos.

Maranhão e Acre não registram mortes nas rodovias estaduais

Embora a PRF tenha registrado que em alguns estados não ocorreram mortes nas rodovias federais, no caso das vias estaduais, há registro de óbitos em quase todos. As exceções são o Maranhão, onde não foi encontrado caso fatal nas rodovias estaduais e federais, além do Acre, onde também não teve registro de morte nas rodovias estaduais.

Vejas as mortes encontradas por região:

Centro Oeste= GO 2, MS 2, MT 4, TO 2, DF 3 – Total= 13 vítimas fatais

Nordeste= AL 3, BA 6, CE 5, MA 0, PB 5, PE 7, PI 5, RN 2, SE 3 – Total= 36

Norte = AC 0, AM 1, AP 1, PA 7, RO 1, RR 1 – Total = 11

Sudeste = ES 6, MG 14,  RJ 1, SP 18 – Total = 39

Sul = PR 11, SC 5 , RS 7 – Total= 23

No total das rodovias estaduais, foram 122 mortes que somadas com as 80 encontradas nas rodovias federais, totalizam 202.

Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas, responsável pela pesquisa lembra ainda que a situação é mais grave dos que os números revelam. “É importante lembrar que, historicamente, pelos levantamentos que fizemos no passado, cerca de 5% dos feridos vem a óbito até 30 dias após o sinistro. Portanto, 2.119 feridos, apenas numa apuração parcial, pode significar pelo menos mais 100 mortes.”

Fonte: Estradas

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